É possível conscientizar através de rabiscos
Por Joyce Warren
O grafite está ligado diretamente à vários movimentos, entre eles, o do Hip Hop. Visando, na maioria das vezes, refletir a realidade das ruas, expressar toda a opressão que a humanidade vive - principalmente os menos favorecidos -, e conscientizar as pessoas, configuram algumas das vertentes que os grafiteiros buscam mostrar em suas artes. Desde que foi introduzido no Brasil - em 1970 - os brasileiros não se contentaram com o grafite norte-americano, então começaram a incrementar a arte com um toque brasileiro - que é reconhecido entre os melhores de todo o mundo. Na cena paulistana do grafite, muitos artistas trabalham buscando levar para as ruas, um pouco da cultura e também uma crítica a sociedade consumista com um tipo de “grafite protesto”. Muitos grafiteiros como Fabio de Oliveira, conhecido como Cranio, estampam os muros de São Paulo com desenhos que representam mensagens de cunho social para quem observa seus grafites.
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Protesto relacionado ao consumismo atual no Brasil |
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Crítica a ao monopólio dos veículos midiáticos que alienam, como a televisão |
Seguindo a mesma linha da cena do grafite paulistana, está Alex Hornest, o “onesto” como gosta de ser chamado. Além pintor e escultor, também protesta em forma de arte nos muros; não só de São Paulo, como de Viena. Nascido em 1972 no Brasil. Expõe seus trabalhos em galerias e museus do mundo todo, em mostras individuais ou coletivas. Como grafiteiro, surgiu nas ruas de São Paulo no meio da década de 1990 e, ao lado de nomes como OsGemeos, Speto, Herbert Baglione e Vitché, faz parte do time de elite da chamada primeira geração do graffiti moderno brasileiro. Além das esculturas, também faz arte pública. Seu interesse pela arte surgiu na família. “Minha avó é cantora e bailarina. Se apresentava, gostava de dançar e tal. Meu tio acompanhava tocando violão e percussão. Meu outro tio é pintor e sempre trabalhou pra estamparia. Eu ia ao estúdio dele e o via pirando em vários padrões diferentes. Criava no papel e depois passava pra uma transparência, era um processo louco, ele ficava me explicando”, conta o artista, que traça suas obras com técnicas e estilos diferentes.
O "Onesto"
Na pintura, os materiais mais utilizados por ele são spray e látex, às vezes óleo. Já nas esculturas o artista usa vidro, madeira, barro, pedra, ferro. Coisas que o mesmo possa transformar. Como o desenho faz parte da sua vida desde sua infância – seu pai o presentava com gibis para que ele copiasse as personagens – o desenho se mostra cheio de possibilidades. A partir de um desenho, “Onesto” começa a definir que material vai usar pra executar um determinado trabalho. Segundo ele “o desenho é a base de tudo”.
E para quem acha que a arte do grafite é algo marginalizado, está enganado. Quando desempenhado com solidez e talento – como qualquer outra arte – o trabalho pode ser reconhecido fora do país onde o artista vive. Foi o que aconteceu com Alex. Seu mural falando sobre a cultura de usar bicicletas no festival falando sobre o veículo foi apresentado na Bienal Internacional de Arte em Viena. "Essa foi a experiência daqui que eu quis levar pra eles. Aqui em São Paulo, o motorista de carro se acha muito mais importante do que você, que está ali na bicicleta. Acha você um estorvo. Essa foi minha ideia: meu personagem está arrancando a placa porque você deve ser livre pra andar em qualquer lugar. Um ciclista deveria ter mais autorização de poder usufruir desse meio do que um cara com um carro, que tá poluindo", explica Onesto. Além disso, o artista possui um livro com um compilado dos seus trabalhos; com textos e ilustrações de Onesto. Envolvendo o leitor no seu estilo de trabalho.
Protesto contra o sedentarismo e a falta de educação no trânsito em Viena
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Livro de Onesto |
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